Chick Moorman
Canja de Galinha para a Alma
Jack Canfield & Mark Victor Hansen
Ediouro- 1995
Metáforas para PNL
A turma da Quarta série de
Donna se parecia com muitas outras que eu vira antes.
Os
alunos sentavam-se em cinco fileiras de seis carteiras. A mesa do professor era
na frente, virada para os alunos. O quadro de avisos exibia trabalhos dos alunos.
Em muitos aspectos,
parecia uma sala de escola primária tipicamente tradicional. Mesmo assim, algo
me pareceu diferente naquele primeiro dia em que entrei ali. Parecia haver uma
corrente subterrânea de excitação.
Donna
era uma professora veterana de uma cidadezinha de Michigan, e faltavam apenas 2
anos para sua aposentadoria. Além disso, era voluntária ativa num projeto
municipal de desenvolvimento de equipes que eu organizara e auxiliara.
O
treinamento se concentrava em ideias artísticas de linguagens, capazes de
estimular os alunos a se sentirem bem
consigo mesmos e assumirem a
responsabilidade sobre suas vidas.
O trabalho de Donna era
assistir às sessões de treinamento e implementar os conceitos apresentados.Meu
trabalho era visitar as salas de aula e encorajar a implementação.
Tomei um lugar vazio no
fundo da sala e assisti.
Todos os alunos estavam
trabalhando numa tarefa, preenchendo uma folha de caderno com ideias e
pensamentos.
Uma aluna de 10 anos, mais
próxima de mim, estava enchendo a folha de "não consigo"
"Não consigo chutar a
bola de futebol além da Segunda base."
"Não consigo fazer
divisões longas com mais de três números."
"Não consigo fazer
com que a Debbie goste de mim."
Sua
página já estava pela metade e ela não mostrava sinais de parar. Trabalhava com
determinação e persistência. Caminhei pela fileira olhando as folhas dos
alunos. Todos estavam escrevendo sentenças que descreviam o que não conseguiam fazer.
"Não consigo fazer
dez flexões."
"Não consigo comer um
biscoito só."
A
esta altura, a atividade despertara minha curiosidade, e assim decidi verificar
com a professora o que estava acontecendo.
Ao me aproximar dela,
notei que ela também estava ocupada escrevendo. Achei melhor não interromper.
"Não consigo trazer a
mãe de John para uma reunião de professores."
"Não consigo fazer
com que minha filha abasteça o carro."
"Não consigo fazer
com que Allan use palavras em vez de murros."
Frustado
em meus esforços em determinar por que os alunos estavam trabalhando com negativas, em vez de escrever
frases mais positivas, ou "eu consigo", voltei para o meu lugar e
continuei minhas observações.
Os estudantes escreveram
por mais dez minutos. A maioria encheu sua página. Alguns começaram outra.
"Terminem a página em
que estiverem e não comecem outra", foram as instruções que Donna usou
para assinalar o final da atividade.
Os alunos foram então
instruídos a dobrar suas folhas ao meio e trazê-las para a frente da classe.Quando
os alunos chegaram à mesa da professora, depositaram as frases "não consigo" numa caixa de
sapatos vazia.
Quando as folhas de todos
os alunos haviam sido recolhidas, Donna acrescentou as suas. Ela pôs a tampa na
caixa, enfiou-a embaixo do braço e saiu pela porta, pelo corredor.
Os alunos seguiram a
professora. Eu segui os alunos. Na metade do corredor a procissão parou.
Donna
entrou na sala do zelador, remexeu um pouco e saiu com uma pá.
Pá numa das mãos, caixa de sapatos na outra, Donna saiu para o pátio da escola,
conduzindo os alunos até o canto mais distante do playground.
Ali começaram a
cavar.
Iam enterrar seus "Não consigo"!
A escavação levou mais de
dez minutos, pois a maioria dos alunos queria sua vez. Quando o buraco chegou a
cerca de um metro de profundidade, a escavação terminou.
A caixa de "não consigo" foi depositada
no fundo do buraco e rapidamente coberta de terra.
31 crianças de 10 e 11
anos permaneceram de pé, no local da sepultura recém cavada.
Cada um tinha no mínimo uma página cheia de "não consigos" na caixa
de sapatos um metro abaixo. E a professora também. Neste ponto, Donna anunciou:
"Meninos e meninas, por favor dêem-se as mãos e baixem as cabeças."
Os alunos obedeceram.
Rapidamente, dando-se as mãos, formaram um círculo ao redor da sepultura. Baixaram as cabeças e esperaram. Donna
proferiu os louvores.
"Amigos, estamos hoje aqui reunidos para honrar a memória do ‘Não consigo’. Enquanto esteve conosco aqui na Terra, ele tocou as vidas de
todos nós, de alguns mais do que de
outros.
Seu nome, infelizmente, foi
mencionado em cada instituição pública
– escolas, prefeituras, assembléias legislativas e, sim, até mesmo na Casa Branca.
Providenciamos um local para o seu descanso final e uma lápide que contém seu
epitáfio. Ele vive na memória de seus irmãos e irmãs ‘Eu consigo’, ‘Eu Vou’ e ‘Eu vou imediatamente’.
Estes não são tão
conhecidos quanto seu famoso parente e certamente ainda não tão fortes e
poderosos.
Talvez algum dia, com sua ajuda, eles tenham uma importância ainda
maior no mundo. Que ‘Não Consigo’ possa
descansar em paz e que todos os
presentes possam retomar suas vidas e ir em frente na sua
ausência. Amém."
Ao escutar as orações entendi que aqueles alunos jamais esqueceriam esse dia. A atividade era simbólica,
uma metáfora da vida.
Foi uma experiência direta
que ficaria gravada no consciente e no inconsciente para sempre.Escrever os "Não Consigo", enterrá-los e ouvir a
oração.
Aquele havia sido um
esforço maior da parte daquela professora.
E ela ainda não terminara. Ao concluir a oração ela fez com que os alunos se
virassem, encaminhou-os de volta à classe e promoveu uma festa.
Eles celebraram a passagem de "Não Consigo" com biscoitos, pipoca e
sucos de frutas. Como parte da celebração, Donna recortou uma grande lápide de
papelão. Escreveu as palavras "Não
Consigo" no topo, "Descanse
em Paz" no centro e a data embaixo.
A lápide de papel ficou
pendurada na sala de aula de Donna durante o resto do ano. Nas raras ocasiões
em que um aluno se esquecia e dizia "Não
consigo", Donna simplesmente apontava
o cartaz Descanse em Paz.
O aluno então se lembrava que "Não
Consigo" estava morto e reformulava a frase.
Eu não era aluno de Donna.
Ela era minha aluna. Ainda assim, naquele dia aprendi uma lição duradoura com
ela. Agora, anos depois, sempre
que ouço a frase "Não Consigo", vejo imagens daquele funeral da
quarta série.
Como os alunos, eu também me lembro de que "Não
Consigo" está morto.
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Espero que esse
texto possa ajuda-lo na sua vida, pois fez muita diferença na minha há anos
atrás quando o li. Essa é a função do texto, mexer com o inconsciente.
Enterrar um pensamento
que nos impede de seguir em frente é deletar um velho script e ao fazê-lo,
temos que nos esforçar para criar um novo que nos mostre que sempre há um outro modo, um caminho do qual não podíamos ver por estarmos mergulhados no “não
consigo”
Daqui pra frente
pense melhor e reflita. Seja honesto com você e reformule o pensamento:
Não é que eu “não consigo” isso - na verdade “eu não quero” mudanças.
Mudança requer responsabilidade sobre meus atos,
iniciativa, meta e flexibilidade – tudo aquilo que eu não
quero “com+seguir”...
laura botelho